O Galo jogaria às 11hs aqui em SP, contra o líder Palmeiras. Ou tentaria ingresso para ir assistir ou iria para o Bar do Galo, para ver o jogo na TV. Mas um convite de Clebinho mudou meus planos. Cometi um sacrilégio. Nunca havia deixado de assistir um jogo do Galo por nada. Mas o convite me interessou muito.
Os Jardins eu já lhe apresentei. Bairro chique, agências de carros importados, mansões... Isso é São Paulo.
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Igreja Nossa Senhora do Brasil. Aqui não casa pobre. Os casamentos são agendados com antecedência de mais de 1 ano. As festas desses casamentos passam dos R$500 mil. |
Arquitetura arrojada tipo Japão, Dubai... Belos salões de convenções.
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Olha o padrão das pontes de São Paulo! |
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Avenidas largas e seguras. |
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Opa! O visual mudou por aqui... |
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Chegamos no Capão Redondo e o nosso salão de convenções é por aqui. |
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Com esta vista. |
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Cadê aquelas torres tipo Dubai? |
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Começou a nossa convenção. Uma garrafa de água como coffee break. |
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Então, vamos clarear as coisas: somos convidados dessa figura fantástica, que tem uma missão, junto com sua noiva, de fazer diferença em seu meio. Resgatar jovens das drogas, alfabetizar crianças, trazer cultura e sustento para os jovens dessa favela. Ele é o Bruno Capão e sua noiva Micheline.
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Clebinho está muito ligado a ele para ajudar nessa nobre missão. Bruno tem sido convidado para fazer palestras sobre a sua experiência de vida. Um jovem criado sem pai, que caiu nas drogas, ficou encarcerado na Fundação Casa (antiga-FEBEM), se tornou lixeiro, deu a volta por cima e hoje quer ajudar no resgate de outros que vivem nas condições que ele experimentou e das quais se livrou. |
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Ele tem trazido para essa laje pessoas que compartilham com ele desse mesmo desejo, como Osmair, advogado também mergulhado em projetos sociais apoiados pela ONG BASE, como o ABACAXI, que dá consultoria gratuita a pequenos empreendedores em bairros pobres e favelas e o Projeto Marmitex, que leva comida a moradores de rua de São Paulo.
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Nas extremidades, outros dois jovens envolvidos nesses mesmos projetos de Osmair.
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Walace é cabeleireiro e muito engajado na luta pela sobrevivência dos amigos moradores de sua comunidade carente. Também criado sem pai, viu nas letras do rap a motivação para mudar de vida. Nas letras que retratam o protesto de um povo sofrido, marginalizado e perseguido por maus policiais, percebeu que poderia ser um vitorioso, mudando o rumo de sua vida, que naturalmente o levaria a ser um perdedor. Segundo Walace, o rap foi o pai que ele não teve. Foram as letras dos Racionais MC que o ensinaram a seguir o caminho correto, longe das drogas e criminalidade. |
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Jônatas também dá o seu depoimento: quer ter uma outra vida, mas sem o apoio de alguém terá o destino dos demais colegas, que hoje morrem nas drogas, principalmente no "lança perfume", o que mais mata hoje nesse mundo cão dos vícios, segundo ele. Nesse momento quer um emprego. É pai de 3 filhos, com apenas 21 anos. Priscila, noiva de Clebinho, vai entrevistá-lo esse semana, para ajudá-lo na montagem de seu currículo e outras dicas mais. |
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As lâmpadas que decoram o piso, segundo Bruno, representam os novos caminhos que ele pretende ver iluminados, após a implantação de seus projetos, dando uma caminhada segura à sua comunidade. |
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Pedro Wickbold também saiu de sua zona de conforto para trabalhar para o próximo, nos projetos acima citados. Acaba de chegar de um giro por 37 países, participando de discussões de propostas para a construção de um mundo melhor. Ele conheceu 37 culturas de países diferentes, e agora quer conhecer a cultura de sua própria cidade. |
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Wesley é um artista. Tem 17 anos, e toca guitarra e rabisca traços artísticos com incrível maestria. Moleque agitado e cheio de sonhos também disposto a mudar a sua comunidade, com o seu trabalho. Ele fez parte das ocupações das escolas públicas de São Paulo, ocorridas nos últimos meses. |
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Mariana: outra agente do bem, inconformada com o estado atual das coisas. |
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Mais um inconformado, que tinha tudo para ficar curtindo a sua vida, deixando para o Poder Público esse tipo de problema. Ainda bem que não.
"E não vos conformeis com esse mundo..." (Rom. 12.2) |
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Bruno vai conduzindo o bate-papo. |
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Vamos virando os cartões e refletindo sobre cada pensamento. |
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"Não me preocupo em pensar diferente, mas tenho medo de pensar igual a todos e todos estarem errados."
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Muito duras as palavras de Glauco. Recentemente foi vítima de abuso por parte de maus militares, na porta de sua escola, quando tentava apenas acessá-la, para apresentar um trabalho à sua professora. Lembra a péssima estatística que aponta a morte no Brasil, de 59 negros por dia,
Denuncia que a polícia na favela não é a polícia da Avenida Paulista, ou do Jardins. Persegue e suja a ficha de moradores, principalmente negros, plantando provas que complicam ainda mais as sua vidas.
Ele é artista, tem 8 anos de teatro e já participou de dois filmes. Sonha ser um ator de sucesso, para mostrar algo mais através de seu trabalho.
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Bruno não perdeu a sua vocação de catador de lixo. Tudo em sua casa veio das ruas.
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Vamos dar um giro pela comunidade. Aqui tem história. Uma padaria muito chique.
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José, o irmão de Bruno, era o padeiro e confeiteiro da P.Ã.O, considerada a padaria mais chique de São Paulo. Tinha o sonho de aqui ter a sua padaria. O Ateliê Sustenta Capão recebeu a visita de Luciano Huck, no quadro "Mandando Bem" de seu programa, veio nesse local, reformou o espaço e doou equipamentos de cozinha, mesas fornos ... e ainda deu um carro e duas motos para eles alavancarem o negócio. |
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Olha que show! |
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Pães, bolos, salgados..., coisas de primeira linha. |
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Vamos caminhar por uns 15 minutos. |
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Ruas relativamente limpas. e muita consciência em separar lixos em sacos, para reciclagem, na rua.
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Vai sair algo criativo aqui. |
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Como assim? Esse São Paulo eu nunca lhe apresentei. E aquela arquitetura arrojada da Cidade Jardim? Estamos chagando na Portelinha. |
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E a imponente Marginal Pinheiros? |
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Caramba! Eu falei que S. Paulo tinha pontes moderníssimas... |
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Ruas arborizadas... |
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Aqui um salão bem improvisado do Movimento Frente de Luta por Moradias.
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O proprietário desse terreno conseguiu uma reintegração de posse desse lixão, em 2009 e houve muita violência por aqui. Houve resistência e não abandonaram o local. Cerca de 500 famílias conseguiram um auxílio moradia para pagar o aluguel e estão fora daqui aguardando um imóvel. Mais de 400 famílias ainda moram aqui, em péssimas condições. |
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Conheci Marquinho, um dos líderes dessa comunidade. Um guerreiro na luta por esse povo.
Esgoto corre a céu aberto. Aqui o lixão cobre cerca de 8 metros de altura. É um aterro super-instável. |
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Já na rua, uma cena boa. Essa bica de água potável atende a comunidade. |
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Alguns do grupo já partiram. Uma selfie para marcar essa visita. |
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Muito sensível, Narima não contém a emoção por ter conhecido uma realidade que segundo ela, nada tem a ver com a sua rotina de vida. |
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Clebinho e eu voltamos à nossa rotina. Na sua esquina, perto da famosa Oscar Freire, também uma padaria.
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Só que é para cães e gatos.
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Cervejas molhos, queijos, comidinhas gourmets...para os bichos. |
Que contraste esse país!!!
Um dia muito rico para todos nós. Compensou a perda do jogo. Além do mais, meu Galo ganhou de 1 X 0.
lINDA MATERIA!
ResponderExcluirMuito bacana, e muito triste.
ResponderExcluirMeu respeito pelo Bruno, por seus colaboradores e pelo trabalho deles foi tão grande que fiquei com um "nó na garganta". Para uma visita como essa, compensa perder o jogo do Galo, principalmente quando o Galo não perde.
ResponderExcluirBela mataria parabéns pra todos!Milla
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