VOLTANDO A FALAR DE MINERAÇÃO


Em matéria anterior tratamos da reunião havida entre a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, VOTORANTIM e comunidade de Belisário. Abaixo transcrevemos um comentário de nosso correspondente em BH, Dárcio Calais, Engenheiro Agrônomo.

"Vejo com muita preocupação a possível atividade mineradora em nossa região. Embora reconhecidamente necessária à sociedade, ela é também uma das atividades mais impactantes ao meio ambiente. O ecossistema natural da Zona da Mata (outrora a exuberante mata atlântica) já está profundamente alterado/fragilizado. As águas se escasseiam a cada ano. Na chegada das empresas, há sempre uma eufórica expectativa, geralmente com a promessa de muitos empregos. No fim, aprecem dois empregos para "vigias" e dezenas de caminhões perturbando as pessoas e lançando poeira num raio de 5 km. E chamo também atenção para os impactos sociais. Há sempre a chegada de muito "pessoal de fora" , sempre numa postura crítica com relação ao "conservadorismo local".

Leio no relatório acima, que empresa sempre "tem negociado com a comunidade." Pelo que me lembro, quando houve o rompimento de uma barragem que inundou as casas do Bairro Dornelas, a "negociação" foi a oferta de uma "merreca" que nem de longe cobria os prejuízos causados pela enchente de lama dentro das casas.Com base nesse episódio, permito-me duvidar da idoneidade da Votorantim.

Eu acho que foi essa empresa que fez pesquisas em minha propriedade no município de Miradouro. Entraram lá, cavaram uns vinte e tantos buracos sem nem sequer me dar um telefonema de aviso. Acredito que eles já tivessem alguma espécie de autorização do governo para essas pesquisa, porém, na minha visão de mineiro antiquado e conservador, acho que eu merecia um "alô" até por um mínimo de educação social.
Durante muitos anos fiz parte do COPAM (Conselho de Política Ambiental) em Paraopeba, Diamantina e Montes Claros. Sempre vi muito rigor para se licenciar um plantio de eucaliptos. Sabendo que os impactos de uma plantação florestal são infinitamente menores do que a atividade mineradora, vou ficar surpreso (na verdade, decepcionado) se essa empresa conseguir licenciamento para minerar no fragilíssimo ecossistema da Zona da Mata."

Comentários

  1. Não seria possível fazer uma enquete sobre quem apoia e quem é contra a respeito da mineração em Belisário?






    Grelson Clemente

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  2. Concordo com o prezado Dárcio Calais em gênero, número e grau. A mineração pode trazer algum ganho momentâneo e ilusório, mas o rastro que fica - historicamente comprovado - é de degradação ambiental, social e econômica.Os prejuízos com a atividade de mineração são líquidos, literalmente, e certos. Belisário precisa aprender a dar valor ao que tem de mais caro e está ficando a cada dia mais raro, a água. A bauxita é uma riqueza que vão levar embora, a água é uma riqueza que fica. Triste ver secretários municipais intermediando interesses da mineradora no lugar de buscar a implementação de políticas ambientais públicas na região. Triste ver caminhões do Demsur subindo a serra no auge da seca, levando água pra um distrito que deveria 'exportar' água. É preciso conscientizar a parcela da população que ainda está iludida com o 'progresso' prometido pela mineradora. Juntos é necessário confirmar o que ficou claro na reunião: ''Não à mineração em área de amortecimento do Parque do Brigadeiro''. Duvido que a Votorantim Metais vai arriscar a arranhar a sua marca se a gente mostrar o que realmente está em jogo. Renato Sigiliano

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  4. Lutar contra o poder econômico de uma grande empresa é impossível... Assim sendo, resta tirar proveito da situação.
    - Que todas as promessas da empresa sejam registradas. Sugiro que todas as reuniões sejam gravadas em vídeo para que as promessas não sejam esquecidas. Um contrato (carta de compromisso) escrito e registrado no cartório tem que ser firmado.
    - A empresa tem que construir ótimas estradas de acesso ao distrito. Com saídas asfaltadas para a Limeira e Itamury.
    - Toda área exaurida pela mineração tem que voltar (ou passar) a produzir com a regeneração feita pela empresa. Incluindo-se as regiões afetadas pelos depósitos de rejeitos.
    - Todos os bens de consumo a ser usados pela empresa durante os trabalhos de lavra deverão ser adquiridos no distrito, com excessão apenas daqueles que não puderem ser disponibilizados pelo comércio local.
    -Toda mão de obra terá que ser contratada no distrito, excetuando-se aquelas que não puderem ser disponibilizadas devido à formação acadêmica.
    - Os rejeitos do produto da lavra deverão ficar em local não susceptível de desastre ambiental a exemplo da ocorrência que poluiu o rio Muriaé.
    - A empresa deverá disponibilizar à comunidade do distrito os mapas de todas as áreas que serão objeto da lavra. Bem como, o cronograma e planejamento da evolução dos trabalhos.
    - A empresa deverá nomear um funcionário para ser o interlocutor (ouvidor) da comissão de representação do distrito e divulgar o meio de comunicação com esta pessoa. (número telefônico por exemplo).

    Bom. Isso tudo é para ser feito CASO SEJA APROVADA a vinda da empresa para o distrito.
    O que não pode acontecer é a empresa comprar os "poderosos" e trabalhar à revelia.

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  5. Muito bom o comentário de Dárcio Calais ,principalmente na parte : "Sempre vi muito rigor para se licenciar um plantio de eucaliptos. Sabendo que os impactos de uma plantação florestal são infinitamente menores do que a atividade mineradora, vou ficar surpreso (na verdade, decepcionado) se essa empresa conseguir licenciamento para minerar no fragilíssimo ecossistema da Zona da Mata." , pois digo também que um simples sitiantes não pode utilizar sua várzea para poder expandir sua agricultura familiar pois não pode nem mesmo limpar o córrego que passa em sua propriedade ,não pode nem mesmo tirar uma árvore morta por raio, por pragas naturais para fazer esteio de cerca , vai fazer uma criação de peixe tem que passar por inúmeras visitas do ibama e pagar altas taxas de liberação . O povo muda para cidade e ficam querendo saber o motivo. Agora vem a VOTORANTIM faz o que quer com o terreno dos outros e já com licença tudo pronta de todos órgãos ambientais possíveis, até mesmo internacionais. Como pode isso? Mas se vier mesmo, tomara que acatem e cumpram promessas como as citadas pelo Jose Muniz.

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  6. Complementando as oportunas observações do Túlio... Um vizinho meu, lá na Pedra Cheirosa, utilizou um trator para tapar buracos e remover pedras em 2,2 km de "caminho", na virada da Serra do Brigadeiro. Com essa medida ele poderia reduzir em 58 km a viagem do povoado do Careço até sua propriedade no Mun. de Miradouro. Apenas removeu pedras e tapou buracos, não cortou uma árvore sequer e foi multado em R$22.000,00 (vinte e dois mil) por ser área dentro do Parque da Serra do Brigadeiro. (Não foi preso porque a polícia não o achou em casa naquele momento.) E a Votorantim já disse que as autorizações foram concedidas antes da criação do Parque. Ora, o caminho para virada para o Careço já existe há pelo menos 1 século. Eu mesmo passei por lá em janeiro ou fevereiro de 1962, portanto há mais meio século. Como se vê, a lei deve ser igual pra todos, mas parece que ela é mais igual para uns do que para outros.
    E aproveito para deixar aqui o meu recado. Se os belisarienses decidirem pela vinda da mineradora, tudo bem. Porém, se eles não quiserem os intrusos, podem contar com meu apoio. Tenho boas relações com a Associação Mineira de Defesa do Meio Ambiente (AMDA) e juntos vamos acionar a Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa. Aliás, estou estranhando a ausência dos Amigos de Iracambi.

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  7. Para reforçar as preocupações com as atividades mineradoras em Belisário, lembro que trabalhando na região de Pirapanema há 25 anos,onde a mineradora está instalada, antes rica em nascentes, diversas minas ao longo da estrada antiga, hoje asfaltada, várias delas não existem mais e caminhões do Densur tem que abastecer periodicamente o distrito, que antes escorriam água de nascentes em vários pontos. Segundo pesquisa divulgada pelo G1, Minas Gerais foi o Estado mais desmatado em 2014 e sofremos na pele a seca no início do ano e infelizmente é um dos estados mais minerados do Brasil, não raro vemos reportagens de cidades como Congonhas, que a população sofre com o excesso de poeira de mineração e problemas respiratórios, entre outros ambientais. Que as pessoas não se iludam apenas com as promessas de emprego e 'algumas' benfeitorias diante da gravidade dos impactos ambientais. Estejamos todos em alerta.

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  8. É, mas na hora de tomar uma "geladinha", ninguém espera tomar cerveja de uma cuia. E vejam quantos remédios são conservados em cápsulas de alumínio. E panelas, bacias, canecas, cafeteiras, peças de carros, de aviões, etc. etc. não saem da bendita bauxita ? Ao que sei nossa região até Caratinga, o solo é riquíssimo nesse mineral e sem grandes profundidades, fácil de mineral e de impacto bem contornável... ou devemos importar também o alumínio tão necessário? Tudo tem preço e desgaste, nossa vida também. Mas, com todos os "exploradores", sem contar que são empregadores, nossos dias estão melhores e mais avançados. Viva o progresso bem programado !

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