A DURA VIDA NO CAMPO

Engana-se quem pensa que a vida na zona rural é fácil. Sábado, enquanto muitos estão na praia, piscina, cachoeira, mas o produtor rural precisa começar a agir desde cedo.
Comecei vendo o trabalho de Joãozinho Aredes com meus animais. Quero sapatos, digo, ferraduras novas em todos eles.
Se a gente não ficar de olho o serviço nunca sai a contento. Quero que tire bastante cutícula, ou melhor, casco.
O acabamento com canivete, com o cuidado para não sangrar.
OK! Pode bater os grampos, Joãozinho.
O empregado não veio e assim eu mesmo vou ter de arar a terra.
Dar uma ligada nesse outro trator, que está há muito tempo desligado.  Se eu não observar essas coisas, ninguém observa.
Sábado é dia de dar banho nos porcos. Até pra ver se eles perdem esse injusto apelido. Adoram água. Eu ainda tenho água aqui, embora já muito reduzida, pela terrível seca que nunca foi vista nessa região.  
Eu perguntei ao meu avô quem era o culpado por isso. Ele falou que os caras desmatam a Amazônia, não há fiscalização e a gente paga o preço por aqui. Disse ainda que as pesquisas apontam que  o Brasil possui apenas 12% da área original da Mata Atlântica, o bioma mais devastado do País. De 1,8 milhão km², sobraram 149,7 mil km². A área desmatada é do tamanho do Estado do Pará e mais que toda a região Sudeste. Eu perguntei o que era bioma ele respondeu: - deixa pra lá!
Depois disso ainda tem os animais domésticos para tratar.
Aquele branquinho tem uma triste história. Estavam fazendo sabão e ele pulou dentro da vasilha com soda quente. Foi socorrido a tempo, mas ficou todo pelado.
Outro problema pra resolver. Aquela galinha preta aguardando na fila dos ninhos para botar o seu ovo. 
As que entram se acomodam e não têm pressa de sair. Preciso desenvolver algo pra  otimização desse sistema. Quem sabe um choque no rabo quando o ovo cair no ninho ?
O calor atrapalha também no desenvolvimento dos frangos.  Pretendia colocar aqui aparelho de ar condicionado, mas a energia vai subir novamente, também porque não tem chuva no sudeste e nordeste. 
Resolvi treinar Guilherme, para operar as máquinas numa eventualidade.
O prejuízo pela falta de chuvas é incalculável. O café está em  fase de formar e crescer grãos. Sem chuva isso não  acontece. Nem foi o meu avô que me explicou isso. Foi o Tio Lindim.
"Branco" é meu encarregado. Chegou com o caminhão. 
Deixou na porta e eu manobrei e coloquei na garagem. Tudo eu...
Não gostei da sujeira na cabine. Estou pensando em demitir "Branco".
Vou treinar Guilherme também para dirigir caminhão.
Como Joãozinho ainda não devolveu meus cavalos, vou de moto dar uma olhada no gado, lá no alto do pasto.

Preciso dar uma relaxada. Que sufoco! 

Comentários

  1. Para tranquilidade do jovem proprietário dos equinos, informo que o avô do Joãozinho Aredes, o João(zão) Aredes, era o mais hábil pregador de ferraduras em nossa região. Possuíamos um cavalo de charrete, o Rucinho, que era particularmente sensível aos cravos no casco. Nas mãos do Sr, João Aredes, não tinha problema. Em 10 minutos, o bicho estava elegantemente "calçado" e com a sensibilidade totalmente preservada.Há um ano ou pouco mais, pude observar o Joãozinho pregando ferraduras ali na Travessa Sr. Dias. Posso garantir que ele herdou a habilidade do avô.

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  2. Joãozinho é diplomado. Tivemos aqui no GAB o Sr. Tanus, professor que deu curso de casqueamento e ferrageamento de animais e muitos ficaram com ele treinando, aprendendo ou aperfeiçoando. Joãozinho um deles, e parece que é o mais devotado.

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