ÁGUA - ABORDANDO O PROBLEMA NA FONTE

Enxergo o Parque do Brigadeiro e particularmente a região de Belisário como grande produtor de água. Apesar da estiagem deste ano, a água na propriedade do amigo Damata é abundante, como pude comprovar ontem. Ela está bem no 'pé' do Itajuru, no meio daquela face do Pico que a gente vê de Belisário e Muriaé. Nela há diversas nascentes que alimentam o córrego que desce a serra e corta o vale da Pedra Alta, até encontrar o Rio Fumaça. Uma água cristalina e gelada por natureza. 
Utilizando os modelos dos projetos de conservação de nascente e instalação de biodigestores que realizo há alguns anos, a ideia agora é construir parcerias no sentido de conservar e recuperar matas nativas e tratar o esgoto de todas as propriedades rurais nesta micro bacia. Iniciaremos um diagnóstico casa a casa, calculo umas 20, e buscaremos parcerias, algumas já praticamente garantidos. O objetivo principal é limpar totalmente o riacho da contaminação de esgotos, águas de curral, agrotóxicos e lixo - inclusive carcaça de animais. 
O projeto prevê ainda a transformação da propriedade do Damata, cabeceira do córrego, em Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). Isto trará alguns benefícios diretos para ele, como o fim do recolhimento de impostos e a facilidade da captação de recursos para projetos de conservação e preservação, dentre outros. Também trará a garantia que a floresta nunca será desmatada... 'Damata não desmata'. 
Paralelamente, será realizado projeto de educação ambiental, visando orientações no sentido da destinação correta do lixo rural e contra o uso de agrotóxicos. Por último, queremos replicar nesta micro bacia, projetos de agroecologia que dão certo em outras regiões, visando fomentar a economia, inclusive o turismo rural e ecológico. 

O conjunto destes trabalhos visa resultados finais a partir de 2020. Quem sabe, até lá, já conseguimos implementar na região o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), remunerando o homem do campo pela produção de água, como acontece em Extrema (MG) há 10 anos e em Nova York há quase 20 anos. 
Nada mais justo que pagar ao produtor rural pela água que nasce em sua propriedade, ainda mais quando ele cuida de sua conservação, e é indispensável nas cidades. 

Temos observado o homem do campo descapitalizado e sem estímulos. O PSA transfere renda, empodera e melhora a autoestima do produtor rural. No modelo atual, as empresas de saneamento urbano usufruem dos dividendos gerados pela distribuição de água, menosprezando o elo mais importante na geração deste recurso, o homem do campo. Aliás, a este só cabe o ônus da conservação, num modelo perverso que está nos levando a escassez, como a realidade pode comprovar. 
Veja algumas fotos de nossa caminhada, nesta quinta-feira, junto com o amigo Damata.





Estou no início de um grande sonho. Vamos? 

Renato Sigiliano 


Comentários

  1. Ao longo dos anos muito se falou sobre uma possível escassez da água. Muita gente não levou a sério, e hoje estamos presenciando essa realidade e temos feito pouco para mudá-la. O sonho ter que ser abraçado por todos, para que ele se transforme em realidade. Precisamos preservar, mudar hábitos e economizar. Vamos?

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