VISITANDO O MUSEU DO PRESÍDIO

Estivemos lá no dia em que chegamos, mas estava fechado. Voltamos na quarta à noite. 

Pelas informações passadas em espanhol pelo guia do museu, e por um folheto em português, entregue na recepção, a gente é informado de que o presídio foi inaugurado em 1896, sendo esta uma forma encontrada pelo governo argentino de iniciar o processo de ocupação dessas terras geladas do extremo sul da América.

Inicialmente aqui desembarcaram 14 presidiários reincidentes e logo depois mais 11 homens e  9 mulheres. O primeiro presídio foi construído na Ilha dos Estados. Depois foi para Puerto Cook e finalmente, por razões humanitárias, para o Ushuaia. Ou seja:nesses dois outros lugares a coisa ainda era pior.

Como disse Mirian, não fosse pelas condições climáticas e a distância da capital, essa prisão seria hoje um hotel  5 estrelas, em relação às  atuais do Brasil. Eram selas individuais ou para dois presos. 

O cárcere chegou a alojar mais de 600 presidiários, muitos deles condenados à prisão perpétua ou a pena de muitos anos. 

Os detentos recebiam ensino escolar e tinham 30 setores de trabalho. Várias oficinas para serviços de eletricidade, telefonia, imprensa, bombeiros...Eles construíram ruas, pontes, casas... e até uma ferrovia,  de 25 km, inaugurada em 1910, sendo esta a ferrovia mais austral do mundo.

Prefiro dormir embaixo.

Dar conselhos agora, acho que não adianta.

Mas também foram mandados para cá, na década de 30, vários presos políticos. Esses não precisavam usar uniformes e tinham uma sela 2 estrelas. Sabemos que em poucas décadas passadas todo o cone sul conviveu com essa triste realidade de presos políticos.  Graças a Deus no Brasil isso acabou. Joaquim Barbosa começou, sim, a era de políticos presos. Mas isso também vai acabar, com a sua aposentadoria.

Já apresentamos a vocês esse orelhudo, na matéria sobre o Museu Temático do Ushuaia. Trata se do  famoso Cayetano Santos Godino, um  jovem psicopata que protagonizou assassinatos de crianças, em série,  na Argentina. 

Foi  aquele que morreu por ter comido um gato de um outro presidiário. Olha aí o seu atestado de óbito: "... hemorragia interna por processo ulcerosos gastrointestinal..." Mas foram facadas mesmo.

O quadro dessa sela mostra como um preso ainda novo se acabava fisicamente aqui. Este tinha menos de 40 anos.

Esse merece destaque. Trata se de Simón Radowitzkydo,  o único que conseguiu fugir daqui. Era líder de uma célula anarquista  e foi condenado à prisão perpétua por ter matado, em 1909,  um chefe de polícia.
Ele teve o apoio dos colegas anarquistas nessa fuga. Foi recapturado e depois anistiado  pelo presidente Hipólito Yrigoyen, em 1930.

Fotos de alguns presos políticos.

Trabalhos manuais que os presos aprenderam a fazer. Recebiam 30 centavos de peso por dia, pelos trabalhos realizados.

Fomos também levados para conhecer o primeiro farol aqui construído, para orientação na navegação marítima.

Como o guia falou pausadamente, vai para o blog.

Saímos para jantar e conhecemos esse simpático casal de Barbacena. Ele é Farley, da área de informática do Frigorífico Rivella, e ela é Xênia, publicitária. Estão em lua de mel e acabaram de chegar.

Eu não tenho certeza de que vocês mereçam   o meu sacrifício. Vejam isso! O sinal no quarto não está bom, e assim tenho de assentar na escada do andar e, às vezes, descer para o computador perto da recepção, para postar matérias.

Na próxima matéria, um passeio de trenó puxado por perros