A NOITE DE TERÇA NO USHUAIA

Saímos à noite para um programa imperdível: a visita ao Museu Temático do Ushuaia, onde há bonecos de cera em que onde você pode participar das cenas onde é contada a história fueguina. Na entrada é disponibilizado um áudio guia que colocado no ouvido é narrada cena a cena, também em português. É bem completo, contando a história dos índios que aqui habitavam,  de Darwin, que aqui esteve no início de sua carreira de cientista, de um presídio aqui implantado...
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Ouvimos que apenas no final do século XIX começou a exploração da região, pelos navegantes europeus, sendo a sua população nativa constituída por selkman e yamanas,  caçadores terrestres e nômades, que moravam em grande parte da Ilha de Tierra del Fuego, desde as planícies próximas ao estreito de Magalhães, até a área compreendida entre o Rio Grande e os arredores do Canal Beagle.
Você deve  conhecer esse curumim dentro da canoa... Até dentro da embarcação se fazia  fogueira.
Suas moradias eram construídas com toldos leves em forma de para-ventos semi-circulares, construídos com varas de madeira cobertas por peles de guanaco, ou choças cônicas feitas com ramas de arbustos. Dentro da cabana também sempre havia uma fogueira acesa.  Por isso Terra do Fogo. Os índios só sobreviviam aqui perto de um fogo.

As vestimentas eram feitas de capas de pele de guanaco, ou com pele de cururu, utilizando também mocassins de pele de guanaco.
Navios colonizadores ingleses foram os primeiros a aqui aportar, e a catequizar os nativos. 
Em 1882 a população selknam tinha perto de 2500 habitantes. O impacto da ação colonizadora ocasionou a rápida extinção dessa etnia, que em poucas décadas viu-se reduzida a um pequeno grupo.

No começo do século XX não eram  mais de algumas centenas de sobreviventes, dispersos pelos bosques meridionais ou amparados pelas missões salesianas e pela família Bridges. Na primeira década do século os sacerdotes salesianos estimavam que os remanescentes da população indígena não superavam as 350 pessoas. Esse número continuou descendo até finalizar o século XX com a morte de Lola Kiepia 9 de outubro de 1966 e Angela Loij, considerada uma das últimas Selknam que conservavam a língua de origem, quem morreu em 1974.

Esse fato chega a ser cruel. Quatro índios são levados para a Inglaterra onde lhes foi dado criação como ingleses, até com novos nomes, e a doutrina cristã. Olha as fotos abaixo. Três anos depois foram devolvidos para o convívio natural, aqui na Terra do Fogo.
Isso tudo tendo à frente o Comandante Beagle, que deu nome ao Canal.


No final de 1800 a Argentina, preocupada  em proceder a povoação da região, decidiu  instalar um presídio no arquipélago fueguino. Primeiramente, instalou uma prisão militar na Ilha dos Estados, sendo depois trazida para Ushuaia, em 1902.

Lenha era muito necessário para o aquecimento e para gerar energia através de uma termoelétrica a vapor, na penitenciária. Eu decidi dar uma mão a esse pobre preso.
E me enrasquei.
Esse tem uma história terrível. Foi um piromaníaco e matador em série, de crianças. Era completamente louco e foi trazido pra cá. Certo dia de 1944 comeu o gato de um colega prisioneiro e este o assassinou com muitas facadas. Em sua certidão de óbito constou morte decorrente de uma úlcera. Não ficava bem constar dos registros uma morte dentro de uma penitenciária. Aqui no Brasil a gente viu isso entre 64 e 80.
Deve ser horrível essa comida...
Cientistas acompanhavam expedições por aqui, inclusive Darwin, ainda sem nenhuma notoriedade.
Os cães  beagle tiveram grande importância nessa região. Amanhã a gente vai ver isso.
É impressionante a audácia dessa gente, construir pequenas embarcações para enfrentar tao longas viagens.
Amamos o museu. Partimos para o jantar.
Não comemos carne. Apenas mais um flash dessa forma argentina de assar churrasco.
Viemos para cá. Essa foto foi tirada no dia seguinte. No jantar, evidentemente, estava escuro.
Agora fotos do jantar. Um maravilhosa caldeirada, ou mariscada, como se chama na Bahia, com frutos do mar diversos, inclusive a centola, muito abundante por aqui.
E também quem vem aqui tem de comer a merluza negra.

Comentários

  1. Já há bem tempo que EMBELISÁRIO tornou-se para mim uma grande fonte de aprendizado.

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  2. Essa matéria merece um prêmio Nobel da Paz ! Parabéns, amamos...

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  3. Essa matéria é mesmo de merecer um Prêmio Nobel da Paz !

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