FECHANDO O FIM DE SEMANA AGITADO

Sexta em Juiz de Fora, visita ao Museu de Arte Moderna Murilo Mendes, Campus universitário, Morro do Cristo, almoço no Hotel Escola Grogotó, em Barbacena...tudo isso foi relatado em matérias anteriores. Mas a vida não pára, e nem nós. Depois do almoço atravessamos a cidade de Barbacena e rumamos para a vizinha Antônio Carlos.
A ferrovia ainda passa por aqui. É a Linha do Centro, onde trabalhamos por 20 anos, ligando BH ao Rio.
Muita nostalgia ver esses imóveis abandonados. Como era agradável entrar por essas portas para saber das notícias com o chefe da estação e seus agentes.... Quantas famílias desceram nessas plataformas...
Alguma coisa está ai, bem mantida, como referência histórica.
Uma locomotiva a vapor. Essa era das pequenas.
A bitola anunciada de 76 cm é interessante. Apesar de ter sido engenheiro ferroviário, confesso que não sabia que ela existiu na ferrovia mineira, exceto dentro das minas, já que no Brasil  predomina e bitola métrica (1,00 m) e a bitola larga (1,60m) na Linha do Centro (BH - RJ - SP).
A viagem continua. O nosso destino era a Fazenda Borda do Campo. D. Nina queria muito conhecê-la.

Leia um pouco sobre a fazenda:

A origem da localidade relaciona-se com a descoberta do ouro em Minas Gerais. Em 1698, Garcia Rodrigues Paes Leme, filho do bandeirante paulista Fernão Dias, e o seu cunhado, coronel Domingos Rodrigues Fonseca Leme, estabeleceram a fazenda Borda do Campo, núcleo inicial do povoamento de Barbacena e um dos pontos estratégicos do Caminho Novo da Estrada Real, construído também por eles. 


O Caminho Novo se estendia pelo longo trecho florestal entre o planalto da Mantiqueira e o Rio de Janeiro, transpondo ainda o Vale do Paraíba e a Serra do Mar. O principal objetivo do Caminho Novo, que não tinha ramificações, era evitar o contrabando do ouro e os assaltos no longo trajeto para Piratininga, Taubaté e Parati pelo Caminho Velho. 

A fazenda era ponto obrigatório de passagem dos viajantes e, por ter solos apropriados a atividades agro-pastoris, era importante fornecedora de alimentos para as "vilas do ouro" do Campo das Vertentes e de outras regiões próximas. Garcia Paes Leme e o seu cunhado foram recompensados pelo seu trabalho com títulos, privilégios e sesmarias ao longo da estrada que abriram.

Antes de viajarmos a amiga Nina já recebeu esse e-mail do Dr. Geraldo:

Nininha:
O Monteiro me repassou uma mensagem sua  na qual você dizia que iria até a fazenda da Borda do Campo perto de Barbacena; eu já estive lá, a uns dez anos- naquela época a fazenda era da família dos Andrada Serpa e quem estava morando era  general Antonio Carlos de Andrada Serpa (o Serpa louro), que morava na sede da fazenda; ele nos mostrou a fazenda toda, inclusive o casarão velho de mil setecentos e lá vai bordoada e almoçamos frango com quiabo com eles; parece que naquela época, uma das irmãs dele cuidava do casarão do Bandeirante; tinha muita velharia, inclusive um cemitério da família. Acho que o general Serpa está enterrado lá. Ele foi comandante do quartel em que eu servi como médico em são Cristóvão, aqui no Rio e ficamos amigos. Na sede da fazenda, em plena roça, ele tinha uma biblioteca sensacional, com mais de quinze mil volumes.  Vocês devem gostar; a fazenda fica no município de Antonio Carlos, que é colado a Barbacena - o acesso é muito fácil, e naquela época, nós primeiro fomos até o centro de Barbacena e ali tomamos informações e chegamos com facilidade a Antonio Carlos; lá perguntamos pela fazenda do Serpa e foi muito fácil. Hoje em dia você deve achar isso tudo mapeado no Google,
Desculpe a intromissão e façam um belo passeio. 
Abraços, Geraldo.

Dr. Geraldo foi mais feliz. Nós não tivemos autorização para entrar na casa.
Olha que imagem! Aquela é a Linha do Centro, com uma composição ferroviária descendo com minério da região de BH para o Porto de Sepetiba, no Estado do Rio.
Essa região respira-se ferrovia. Veja a estação de Barbacena
Aqui nessa cidade um outro compromisso muito interessante. Rever a Tia Mariinha e a filha Rita Braga.
Ele é tia-avó de Mirian, sendo filha do famoso Coronel Francisco Gomes Campos. Com 96 anos está perfeitamente lúcida.
Também presente o Professor Arnaldo Oliveira, licenciado em História e Geografia e monitor de Conhecimentos Técnicos de Aeronáutica, tendo lecionado na Escola de Formação de Cadetes.  Ele é um preservacionista e sonha com a montagem de um museu da aviação na cidade. Já detém um bom acervo.
As conversas se cruzam. Tia Mariinha relembra com a sobrinha neta os bons tempos em que ela e  marido João Braga forma proprietários da fazenda hoje de Almirzinho Toko, aqui dentro de Belisário.
Rita Braga foi diretora de nossa Escola Estadual Pedro Vicente de Freitas, deixando a sua gestão uma marca fortíssima.
D. Nina anota mais subsídios para o seu livro. Afinal o Coronel Chico Gomes está intimamente ligado à história de Beli.
Pouco depois das 17 h resolvemos partir. Tomamos a direção de Santa Bárbara do Tugúrio, Mercês, Rio Pomba, Ubá...mas paramos no caminho. O fim de semana estava muito bom para terminar assim.  Por volta das 20:30 h entramos em Coimbra para não chegarmos com fome em Beli.
Depois de jantar no Berthu's em JF almoçar no Grogotó em Barbacena, encarar uma pizza em Coimbra poderia parecer temerário. Mas não foi.
Estava muito boa, digna de uma pizzaria de uma grande cidade.
Já passava das 23 horas de sábado quando chegamos em casa. O jeito é dormir, não temos mais nada prá fazer...

Comentários

  1. A Fazenda de Borda do Campo ainda continua com a família Andrada Serpa, segundo me disse uma parente deles que nos recebeu, mas estava de saída em seu carro. Falei-lhe do nosso parentesco com a família Dias Paes (Leme era cognome): o filho do bandeirante Fernão Dias, Garcia, era pai de Gregório, que era pai de Luciano que era pai de Heduviges Augusta Dias que era nossa bisavó, casada com Maximiano, filho de Belisário Alves Pereira, fundador daqui. Outros dois filhos de Belisário se casaram com filhos de Luciano Dias Paes: tia Rita que se casou com Raimundo Dias Paes e foram para uma fazenda em Miradouro (deixaram herdeiros que ainda estão lá), e tio José Belisário, que se casou com Francisca Dias Paes e não tiveram filhos (a carinhosa tia Chiquinha dos nossos tios).
    A mulher de Luciano Dias Paes era da família dos Vieira de Andrade e Fonseca e Silva. Deles todos temos registro genealógico feito pelo tio Luciano Alves Pereira, original datilografado por ele mesmo guardada em nosso Museu Tic-Tac, em Belisário e que se intitula "HISTÓRIA DE UMA FAMÍLIA".
    Momentos preciosos em Barbacena foi também o reencontro com a nossa famosa Rita Braga, neta do Cel. Chico Gomes, enérgica diretora de nossa Escola Estadual por muitos anos e também militante política no nosso Belisário.
    Uma vez se candidatou a vereadora, concorrendo com apenas mais DOZE candidatos ! Todo mundo dançou. Ficamos muitos anos sem representante na Câmara de Muriaé e aprendemos a lição: só dois candidatos, temos sempre um vereador, o lugar tem feito algum progresso, apesar das limitações de distrito e o mais longe da sede. Rever dª Mariinha Braga forte e lúcida foi ótimo, além de obter delas algumas outras informações sobre seu pai e também sobre o seu irmão, Joaquim Gomes, homens de Itamuri que fizeram muito por Belisário. Rita continua forte, jóvem e alegre, não mudou nada. Sobre seu marido, José Alberto Féres, aqui sempre lembrado também como professor de
    matemática, não estava; mas Rita nos informou que está bém, é diretor da Escola Estadual Gabriela Andrade. Os Andrade são importante família de Barbacena, de prefeitos, deputados, grandes benfeitores. E sobre o Prof. Arnaldo de Oliveira, o colecionador de peças de avião, foi mecânico de vôo da FAB - Força Aérea Brasileira durante 30 anos e hoje leciona "aqui e ali". Pessoa de muito rica experiência de vida e muito bom trato. Devemos receber sua visita aqui em Belisário, conforme nos prometeu.

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  2. Excelente matéria, fico muito feliz em rever nossa querida Rita Braga, que está tão bem e muito contribuiu para a qualidade do ensino de nossa escola.

    Lenir Rodrigues, Vice-diretora

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  3. Parabenizo a matéria e a amiga Rita Braga, que por mais de 10 anos dirigiu essa escola, deixando aqui sua dedicação á escola e a comunidade!

    José Antônio Carneiro - Diretor

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  4. Excelente. Cheguei ao blog pesquisando no google e aqui confirmei que meu trisavô Luciano Dias Paes que está sepultado em Paula Cândido - MG, é mesmo descendente de Fernão Dias Paes. Sou bisneto de sua filha Mariana. Agora já sei onde encontrar mais informações à respeito dele. Obrigadíssimo ao blog

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  5. Referindo-me ao comentário da Nina Campos, fica uma dúvida. Há um espaço de tempo muito grande entre o Garcia Paes Leme e o Luciano Dias Paes. Ela coloca apenas o Gregório Dias Paes, mas parece que falta mais alguém. Será que ela poderia esclarecer? Estou extremamente curioso.
    Ficaria muito grato.

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    1. A linha até Fernão Dias não é através de Garcia Rodrigues, mas pela sua irmã, Dona Mariana Paes de Oliveira Horta. Ela é a mãe de Maria Garcia de Abreu (1690-1760), que é a mãe de Gregório Dias Paes (1722-1804), que é o pai de Vicente Dias Paes (1757-?), que é o pai de Gregório Dias Paes (1793-?), que é o pai de Luciano Dias Paes (1815-?), que é o pai de Heduviges Dias de Andrade (1850-1914).

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