LÁBIOS QUE EU BEIJEI

O amigo Evart, morador de Belisário, deixou em minha caixa de correio a letra dessa bela música. Ele sempre compartilha comigo coisas que escreve ou textos que tenha curtido.
Essa valsa é um clássico da música brasileira. Veja a beleza e pureza de sua letra:

Lábios que beijei
Mãos que eu afaguei
Numa noite de luar assim
O mar na solidão bramia
E o vento a soluçar pedia
Que fosses sincera para mim
Nada tu ouviste
E logo partiste
Para os braços de outro amor
Eu fiquei chorando
Minha mágoa cantando
Sou a estátua perenal da dor
Passo os dias soluçando com meu pinho
Carpindo a minha dor, sozinho
Sem esperanças de vê-la jamais
Deus, tem compaixão deste infeliz
Por que sofrer assim?
Compadecei-vos dos meus ais
Tua imagem permanece imaculada
Em minha retina cansada
De chorar por teu amor
Lábios que beijei
Mãos que eu afaguei
Volta, dá lenitivo à minha dor
É uma composição de  J. Cascata e Leonel Azevedo e foi gravada por diversos grandes cantores como Nelson Gonçalves e mesmo Caetano Veloso. Mas o seu grande intérprete foi Orlando Silva, que a gravou em 1937.
Orlando Garcia Silva nasceu em 3/10/1915 no Rio de Janeiro. Filho de um  violonista, desde garoto demonstrou vocação para o canto. Num dos primeiros trabalhos, como entregador de encomendas, sofreu acidente num bonde o que lhe causou a perda de quatro dedos de um dos pés. Cantava em circos e em pequenos shows, até que seu irmão o levou a fazer teste na Rádio Cajati. Numa das tentativas o compositor Bororó ficou tão impressionado com a bela voz de Orlando que levou-o até o Café Nice onde se apresentava Francisco Alves já cantor famoso. Este ao ouví-lo gostou tanto que convidou-o a estrear em seu programa. Assim sendo Orlando Silva estreou no rádio aos 17 anos em 23 de junho de 1934 no programa de Francisco Alves na Rádio Cajuti.
Em 1937 Orlando Silva foi o primeiro cantor a gravar o choro "Carinhoso" de Pixinguinha e Braguinha.
 A partir de 1942 sua carreira entrou em declínio, por envolvimento com drogas e desentendimentos com sua mulher Zezé Fonseca. Gravou ainda muitas outras músicas e fez inúmeros shows por todo o Brasil.
Ao morrer em 7/8/1978, atendendo um de seus últimos desejos, Ricardo Cravo Albin conseguiu junto ao presidente do Clube de Regatas do Flamengo, que seu corpo fosse velado na sede de seu clube do coração.





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