MORRER EM PAZ
Os pacientes com doenças
crônico-degenerativas, em casos terminais, devem ter a vontade de morrer
respeitada pelos médicos, independente da vontade da família. Isso é o que
determina a resolução 1995/2012 do Conselho Federal de Medicina, publicada
neste ano.
Com a resolução, o paciente que avisar o médico e
tiver registrado no prontuário que quer "morrer em paz", sem
intervenção de aparelhos e da tecnologia, não poderá ser contrariado.
De acordo com o Conselho Federal de Medicina o
paciente deve definir para seu médico, enquanto lúcido, o que quer para o seu
momento final de vida. Isso pode ser feito em qualquer idade, mesmo antes da
doença. Deve dizer, por exemplo, se quer ou não ser operado, levado para a UTI
(Unidade de Tratamento Intensivo) ou reanimado em caso de paradas cardíacas ou
respiratórias.
Registrado no prontuário do paciente, a decisão
pode ou não ser assinada pela pessoa. O documento, inclusive, pode ser
registrado em cartório. No Estado de São Paulo, segundo D'Ávila, mais de 3.000
documentos semelhantes já foram registrados.
— As pessoas devem dizer o que querem quando
estiverem morrendo e o médico será obrigado a fazer isso. Se ela não quer ir
para a UTI, quer morrer em casa, vai ser respeitada. Mas se quiser usar todos
os requisitos tecnológicos, também será respeitada.
Eutanásia
A grande preocupação do CFM é preservar a relação
médico-paciente, garantindo, a quem quiser, a "tranquilidade do momento de
partida". Isso, no entanto, não deve ser confundido com eutanásia.
— Não queremos confundir com a eutanásia, quando o
médico desliga aparelhos. Não vamos desligar aparelhos. A pessoa não será
abandonada, vai receber os cuidados paliativos para ter conforto o tempo
necessário e morrer em paz.
Segundo D'Ávila, o que defende o CFM é a
ortotanásia, ou seja, a morte natural, inclusive com o auxilio e acompanhamento
de um médico.
— Temos que fazer todo um possível até um limite,
mas queremos resgatar que as pessoas morram no seu tempo certo, sem intervenção
desnecessária que não traz benefício. Queremos respeitar o paciente que não
quer sentir dor, não quer ficar nervoso, quer ter presença dos familiares,
estar em casa. E queremos deixa-lo partir sem amarra ou intervenção fútil,
porque não lhe da opção de voltar a estado de saúde prévio.
O presidente do CFM explica a diferença da eutanásia e da
ortotanásia, relativa à resolução. Se um paciente em estado
vegetativo tem os aparelhos desligados, isso pode ser considerado eutanásia. Se
ele decide e avisa o médico, quando ainda está saudável, que não quer
intervenções que prolonguem a vida, o médico não o deixaria chegar a um estado
vegetativo, por exemplo, e isso é a ortotanásia, porque a pessoa morre
naturalemente.
Entenda
a diferença:
Eutanásia: abreviação da morte. É quando o médico
desliga os aparelhos de uma pessoa que está em estado vegetativo, por exemplo,
dependendo daqueles aparelhos para viver.
Distanásia: prolongação da morte. É quando o médico
liga o paciente em aparelhos e usa a tecnologia disponível para prolongar a
vida ou atrasar a morte.
Ortotanásia: morte natural. É quando o médico trata
o paciente, mas, em casos terminais, não utiliza artifícios tecnológicos para
atrasar a morte do paciente.
ResponderExcluirSou pela eutanásia terminal. Ou seja, uma injeção letal na veia, quando já não há mais nada a fazer. Aí, o paciente, que já venceu o seu ciclo de vida, pois está em estado TERMINAL, dorme "o sono eterno". Com isso cessará o sofrimento do paciente e da família, cessarão os gastos com a sua "não vida" e seu lugar poderá ser ocupado por outro paciente com possibilidade de recuperação.
Entendendo bem: a eutanásia terminal deverá ser requerida pelo paciente, e só por ele, quando ainda tiver consciência, junto ao seu médico e testemunhas.
A jurisprudência nesse sentido poderá ser estudada em países como a Noruega, a qual, segundo leio, já permite a eutanásia terminal.
Alguns podem pensar que é covardia, é perder a capacidade do lutar. Mas, lutar uma luta inglória, para que? A quem aproveita?
Quando os achaques da velhice se tornarem insuportáveis, quando a maravilha dos sentidos
já não mais existir, quando o cérebro nada mais perceber e, pior, talvez só registrar a dor, a escuridão e o vazio, para que servirá o leito,
a atenção das pessoas, o tic-tac do relógio... ?