GUERRA E PAZ

Vamos continuar caminhando, ainda dentro do Memorial da América latina.


Uma oportunidade ímpar nos esperava:  ver a exposição GUERRA E PAZ. Trata-se de dois imensos painéis de, aproximadamente, 14 x 10 m cada um, pintados entre 1952 e 1956 pelo famoso brasileiro Cândido Portinari, por encomenda do governo brasileiro, para ornamentar o hall de entrada da Assembleia Geral da ONU, em Nova York.  
Como entre 2010 e 2013 a área onde se encontravam os painéis iria passar por uma grande reforma,  por pressão do filho João Portinari e do Projeto  Portinari, a ONU autorizou a vinda dos painéis para serem expostos no Brasil. Depois eles voltam para os EUA.
Em 2010 eles foram expostos no Theatro Municipal-RJ, onde, em 12 dias, foram visitados por mais de 44 mil pessoas, 50 anos depois de deixarem o Brasil.
Em 2011 os painéis foram restaurados no Palácio Gustavo Capanema -RJ.

Num imenso salão, onde não poder ser usado o flash, o público assentado ou deitado no chão, curte essas belas obras de arte. Um painel retratando a GUERRA... 


e o outro a PAZ...
Um vídeo ao final destaca, em separado, cenas dos painéis, com belíssimos poemas ao fundo, e com as músicas dos mineiros Fernando Brant...

     A GUERRA E A PAZ DE PORTINARI
A guerra é uma cavalgada
cruzando o azul da paisagem
cortejo de fome e de morte
ferindo o coração dos homens

A mulher velando o filho morto
a mulher e a criança chorando
a mãe e a filha em desespero
de cabeças rolando na grama

A guerra são os quatro cavalos
regendo a sinfonia de dores
são os braços erguidos em prece
pedindo o final dos horrores
A paz é um coro de meninos
é a voz eterna da infância
as mulheres dançando na roça
os meninos pulando carniça

É a noiva de branco sorrindo
na garupa de um cavalo branco
a mulher carrega um carneiro
crianças no espaço balançam

A paz está nos meninos
que brincam nos campos da infância
nos homens, nas mulheres cantando
a harmonia, a esperança.

... e Milton Nascimento..
A PAZ
A paz é um coro de meninos
É a voz eterna da infância
As mulheres dançando na roça
Os meninos pulando carniça
É a noiva de branco sorrindo
Na garupa de um cavalo branco
A mulher carrega um carneiro
Crianças no espaço balançam
A paz está nos meninos
Que brincam nos campos da infância
Nos homens, nas mulheres cantando
A harmonia, a esperança.

A paz é um coro de meninos

E ainda com um poema do também mineiro Carlos Drumond de Andrade, 
homenageando as  mãos desse artista:



...........
Entre o sonho e o cafezal
entre guerra e paz
entre mártires, ofendidos,
músicos, jangadas, pandorgas,
entre os roceiros mecanizados de Israel,
a memória de Giotto e o aroma primeiro do Brasil
entre o amor e o ofício
eis que a mão decide:
Todos os meninos, ainda os mais desgraçados,
sejam vertiginosamente felizes
.........


No Memorial também há espaço para uma galeria homenageando 
os índios das Américas, em painéis de metal.
 
E nos degraus da escada de saída, na sua linguagem



Um belíssimo programa!!!


Um pouco da vida de Cândido Portinari:



Cândido Torquato Portinari (Brodowski1903 — Rio de Janeiro/1962) foi um artista plástico brasileiro. Portinari pintou quase cinco mil obras (de pequenos esboços e pinturas de proporções padrão como O Lavrador de Café à gigantescos murais, como os painéis Guerra e Paz, presenteados à sede da ONU em Nova Iorque em 1956 e que em dezembro de 2010, graças aos esforços de seu filho, retornaram para exibição no Teatro Municipal do Rio de Janeiro). Portinari hoje é considerado um dos artistas mais prestigiados do país e foi o pintor brasileiro a alcançar maior projeção internacional.
Filho de imigrantes italianos, Cândido Portinari, com a vocação artística florescendo logo na infância, Portinari teve uma educação deficiente, não completando sequer o ensino primário. Aos 14 anos de idade, uma trupe de pintores e escultores italianos que atuava na restauração de igrejas passa pela região de Brodowski e recruta Portinari como ajudante. Seria o primeiro grande indício do talento do pintor brasileiro.
Aos 15 anos, já decidido a aprimorar seus dons, Portinari deixa São Paulo e parte para o Rio de Janeiro para estudar na Escola Nacional de Belas Artes. Durante seus estudos na ENBA, Portinari começa a se destacar e chamar a atenção tanto de professores quanto da própria imprensa. Tanto que aos 20 anos já participa de diversas exposições, ganhando elogios em artigos de vários jornais.
Os dois anos que passou vivendo em Paris foram decisivos no estilo que consagraria Portinari. Lá ele teve contato com outros artistas como Van Dongen e Othon Friesz, além de conhecer Maria Martinelli, uma uruguaia de 19 anos com quem o artista passaria o resto de sua vida. A distância de Portinari de suas raízes acabou aproximando o artista do Brasil, e despertou nele um interesse social muito mais profundo.
Em 1946 Portinari volta ao Brasil renovado. Muda completamente a estética de sua obra, valorizando mais cores e a idéia das pinturas. Ele quebra o compromisso volumétrico e abandona a tridimensionalidade de suas obras. Aos poucos o artista deixa de lado as telas pintadas a óleo e começa a se dedicar a murais e afrescos. Ganhando nova notoriedade entre a imprensa.
Em 1951 uma anistia geral faz com que Portinari volte ao Brasil. No mesmo ano, a 1° Bienal de São Paulo expõe obras de Portinari com destaque em uma sala particular. Mas a década de 50 seria marcada por diversos problemas de saúde. Em 1954 Portinari apresentou uma grave intoxicação pelo chumbo presente nas tintas que usava. Desobedecendo a ordens médicas, Portinari continua pintando e viajando com freqüência para exposições nos EUA, Europa e Israel.
No começo de 1962 a prefeitura de Milão convida Portinari para uma grande exposição com 200 telas. Trabalhando freneticamente, o envenenamento de Portinari começa a tomar proporções fatais. No dia 6 de fevereiro do mesmo ano, Cândido Portinari morre envenenado pelas tintas que o consagraram.

Seu filho João Candido Portinari hoje cuida dos direitos autorais das obras de Portinari.


Fonte: www.wikipedia.org

Comentários

  1. Mesmo nos privando de sua doce companhia,
    desse jeito vamos mandar vocês viajarem muito...
    Que lindas matérias publicam, frutos de suas andanças. Todas, de alto quilate. Jóias de quem aprecia e reparte. Nós, os beneficiados, aplaudimos e agradecemos pela belíssima informação sobre os temas l3 de Maio, Portinari e o Memorial da AL. Fantástico, beijos e tenham um belíssimo Dia das Mães amanhã ! Da sempre admiradora e amiga, Nina

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Comente este post!

Posts mais visitados do último mês